
Uma das maiores críticas à cobrança do despacho de bagagens é que o preço das passagens aéreas não caiu. Inclusive, esse foi o argumento dos deputados que alteraram a MP do Voo Simples. Apesar de o preço ter diminuído um pouco após o início da cobrança, de 2017 para cá, o preço das passagens só aumentou. E diversos fatores explicam essa alta.
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De acordo com a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), em 2017, ano do início da cobrança do despacho, o preço médio das passagens teve uma redução de 0,6%, chegando a R$ 451,51. Entretanto, ainda em 2018, o preço voltou a crescer 0,8%, chegando a R$ 455,30. Já em 2019, o valor médio teve um aumento de 8%, batendo os R$ 491,67. Então veio 2020 com a pandemia de covid e, com a aviação em crise, o preço das passagens despencou quase 20%, chegando a R$ 420,59. No entanto, em 2021, o preço médio dos bilhetes bateu os R$ 501,69, registrando uma alta de 19,3%.
As companhias aéreas afirmam que o preço das tarifas varia muito com a época do ano ou mesmo dia da semana que os passageiros querem viajar. Segundo as empresas, em épocas de alta temporada, como férias e feriados, é natural que as passagens fiquem mais caras. Ainda na questão da oferta e procura, vale lembrar que, em 2019 e 2021, tivemos a falência da Avianca Brasil e da Itapemirim. Dessa forma, muitos passageiros que estavam com passagens compradas tiveram de procurar alternativas, aumentando o preço das passagens. No entanto, todas as companhias são unânimes em apontar os grandes vilões do preço das passagens: o preço dos combustíveis e a desvalorização do real.

Os vilões
O maior responsável pela alta do valor das passagens aéreas é o combustível. De acordo com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), só entre 4 de janeiro e 13 de dezembro de 2021, o querosene de aviação (QAV) teve uma alta de 76,2% nos preços. Para se ter uma ideia, nesse ínterim, a gasolina teve um aumento de 42,4%, o diesel de 56% e o gás de cozinha, 36%. Eduardo Sanovicz disse ao jornal O Tempo, de Belo Horizonte, que o preço dos combustíveis pode inibir o crescimento da aviação no Brasil.
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Outro grande obstáculo é a desvalorização do real. Segundo a Austing Rating, agência classificadora de risco, o real desvalorizou 8,2% em relação ao dólar só em 2021. Uma vez que as passagens são vendidas em real e muitas das taxas e encargos das companhias são cobrados em dólar, o preço das passagens precisa aumentar também para acompanhar a valorização da moeda americana. Por exemplo, a maioria dos aviões comerciais do Brasil são arrendados de empresas estrangeiras. Esse leasing é cobrado em dólar, portanto, o peso do leasing sobre a companhia é ainda maior.
Portanto, mesmo que a cobrança do despacho de bagagens possa diminuir um pouco o preço das passagens, outros fatores jogam o valor lá no alto.
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