
Você sabe o que pica-pau tem a ver com caixa preta dos aviões? Tudo! A estrutura do crânio das simpáticas aves serviu de inspiração para um novo projeto de proteção dos gravadores de vozes e dados dos aviões! Vem com a gente para entender isso.
Os pica-paus se alimentam de pequenas larvas e insetos que vivem dentro do tronco das árvores. É por isso que eles bicam os troncos. E são bicadas fortes, variando entre 18 e 22 vezes por segundo. Essas pancadas submetem o cérebro do pica-pau a desacelerações de até 1200 g em cada pancada. Para quem dormiu nas aulas de física, 1 g é a força que a Terra faz sobre qualquer corpo na superfície, uma aceleração de 9,8 m/s². Logo, 1200 g equivalem a uma aceleração de 11.760 m/s². Isso é 100 vezes maior do que a força necessária para causar uma concussão em um ser humano usando capacete de futebol americano. Como o cérebro da ave aguenta isso?
Sang-Hee Yoon e Sungmin Park, pesquisadores da Universidade da Califórnia-Beckley se aprofundaram na cabeça da ave para resolver essa questão. De acordo com a pesquisa, a anatomia da ave protege o cérebro de quatro formas que se combinam. Primeiramente, os bicos, apesar de duros, são elásticos, absorvendo parte do impacto. Além disso, os ossos do crânio são esponjosos, o que também absorve as batidas. Assim como os seres humanos e outros animais, existe um fluido que envolve o cérebro dos pica-paus. No entanto, a quantidade de fluido na cabeça dessas aves é bem menor. Por fim, uma estrutura especial vai da língua à nuca dos pica-paus, a camada hilóide, que termina de absorver o impacto.
E a caixa preta?

Em março deste ano, um Boeing 737-800 da China Eastern caiu a 160 km de Guangzhou, na China, matando todos os 132 ocupantes. As caixas pretas foram encontradas cerca de uma semana depois da queda, no entanto os gravadores de dados e vozes estavam danificados por causa do impacto. Uma caixa preta atual aguenta impactos de até 3.400 g. Entretanto, a partir dos estudos com os pica-paus, os pesquisadores disseram que novas caixas pretas podem aguentar a até 60 mil g.
O modelo proposto é o seguinte: por fora, uma caixa de aço imita a dureza do bico das aves. Ali dentro, vem uma cobertura de borracha que imita a camada hilóide. Uma segunda concha de alumínio está abaixo da cobertura de borracha. Essa concha contém o gravador de dados ou vozes envolto em pequenas contas de vidro de 1 mm, como se fossem bolinhas de gude. Essas contas absorvem o restante do impacto, simulando o crânio esponjoso dos animais.
No entanto, essa técnica ainda não é aplicada nas caixas pretas das aeronaves. Atualmente, caixa de alumínio, sílica resistente a alta temperatura, e aço inoxidável protegem os gravadores das aeronaves. Entretanto, a observação da natureza pode promover caixas pretas ainda mais resistentes num futuro próximo.

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