O texto “Medo de Voar! Barulhos que ASSUSTAM!” foi publicado originalmente por Luís Neves em 8 de julho de 2021. Texto editado e complementado por Lucas Conrado.

Quem gosta de filme de terror, sabe bem como é isso. Quando você está com medo, qualquer coisinha te assusta. Até um gato entrando na tela ou o som de uma porta se fechando já podem provocar sustos. É a mesma coisa que acontece com quem tem medo e vai viajar de avião.
Por exemplo, quando a pessoa que tem medo de voar e está no assento da janela. Olha para fora e vê várias partes da asa se abrindo e desdobrando. Ou então a pessoa está no corredor, sem ver nada do que acontece lá fora. De repente, o avião começa a fazer uns barulhos esquisitos e altos. A pessoa olha ao redor e vê os tripulantes tranquilos! Eles são robôs?
Não, não são robôs. Mas já estão acostumados com aqueles sons, que chegam a escutar cinco vezes por dia. Estão tranquilos porque são sons normais de todo avião.
Aliás, ruídos do avião, é um dos temas do nosso Intensivão Sem Medo de Voar!
Nos dias 31 de maio, 1º e 2 e junho, nós vamos fazer o Intensivão Medo de Voar! Em cada aulão, vamos abordar um tema que assusta muita gente quando vai voar de avião. Por exemplo, no dia 31, o aulão vai ser sobre pousos e decolagens. Em seguida, no dia 1º de junho, a gente vai falar sobre os ruídos dos aviões. Então, no dia 2 de junho, a gente vai abordar a tão temida turbulência!
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Slats e flaps
Quem acompanha o Aviões e Músicas já está cansado de ouvir falar de slats e flaps. Mas, se você está chegando agora, talvez não saiba o que é isso. Então, nós vamos explicar!
Na maior parte do tempo, os aviões estão voando em altitude e velocidade de cruzeiro. Por isso, as asas são desenhadas para terem a melhor eficiência quando o avião voa rápido e alto. No entanto, durante decolagens e pousos, os aviões estão voando mais baixo e lento. Portanto, a asa precisa se adaptar a essas situações. E, para isso, precisa dos dispositivos hipersustentadores.

No vídeo acima, a gente explica que a asa precisa ter uma curvatura para ajudar na sustentação do avião. A questão é a seguinte: em baixas velocidades, essa curvatura não produz tanta sustentação. Dessa forma, o avião precisa aumentar a curvatura para gerar maior sustentação. Como? Com os slats e flaps, os famosos dispositivos hipersusentadores!
Os slats se abrem do bordo de ataque (parte frontal da asa) quando o avião está em menor velocidade. Já os flaps se abrem na mesma situação, só que no bordo de fuga (parte traseira da asa). Quando aumentam a sustentação, eles ainda permitem que os aviões decolem com mais peso. Além disso, deixam as aeronaves decolarem de pistas mais curtas e ainda retardam o estol, isso é, a perda de sustentação da asa.

Tá, e os barulhos?
Vamos pegar o exemplo do Airbus A330neo, o avião que a TAP Air Portugal usa na maioria dos voos para o Brasil e a Azul também usa. Esse avião tem 64 metros de envergadura. Os flaps vão da raiz da asa, isto é, onde ela encontra com a fuselagem, até mais ou menos 2/3 da asa. São superfícies enormes e que, quando se estendem, ficam ainda maiores. Portanto, precisam de um sistema hidráulico potente para abri-las. E o que isso significa? Que faz barulho.
Um itens do checklist dos pilotos é estender os flaps ainda antes da decolagem. Portanto, é normal escutar o barulho do sistema hidráulico quando o avião ainda está taxiando para a cabeceira da pista. Não há nada ali para se preocupar.
Durante a aproximação para o pouso, os aviões voltam a voar baixo e “lento”. Então, os pilotos precisam reabrir os flaps. Só que agora, o avião está a pelo menos 280 km/h. Além do barulho do sistema hidráulico, você ainda escuta o som do vento batendo no flap. Isso significa que você ouve um barulho ainda mais alto! É motivo para se preocupar? Claro que não!

A320 “latindo”
Quem já voou na família Airbus A320, deve ter escutado um som de serrote ou de latido quando o avião está em terra. Às vezes vem quando ele está parado, as vezes, enquanto está taxiando. Enfim, é um barulho curioso, mas que preocupa muita gente. Isso é um som normal que vem do Power Transfer Unity (PTU) dos A320.
Por conta da redundância, os Airbus A320 têm três sistemas hidráulicos independentes. O motor esquerdo alimenta as bombas de um dos sistemas, enquanto o motor direito alimenta outra bomba. Além disso, bombas elétricas alimentam o terceiro sistema hidráulico.
Os sistemas operam com óleo a uma pressão de 3 mil PSI. Se a pressão de um dos sistemas alimentados pelas bombas do motor tiver uma diferença de 500 PSI em relação ao outro, a PTU joga óleo de um para o outro para reequilibrar essa pressão.
E isso costuma acontecer quando o avião está em terra.
Acontece o seguinte. Para economizar combustível, é normal que os aviões taxiem com apenas um dos motores ligados. Já viu o preço do combustível? Tem que economizar! Como apenas um dos motores está ligado, a pressão de um dos sistemas acaba ficando diferente da outra. a PTU percebe isso e começa a bombear óleo de um lado para outro do avião. E daí vem o estranho barulho do Airbus “latindo”.

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