Em “O Terminal”, Tom Hanks interpreta um viajante do leste europeu que teve de viver no Aeroporto de Nova York. Na trama, Viktor Navorski é impedido de entrar nos Estados Unidos após seu país sofrer um golpe de estado. Apesar de a história ser fictícia, há casos de pessoas que vivem em aeroportos no mundo inteiro. Um dos casos é o de um homem que mora no Aeroporto de Guarulhos desde meados de 2000.
Denis Luiz de Souza morava com a família em Itaquaquecetuba, na Grande São Paulo. De acordo com uma reportagem do El País, Denis perdeu a noção do tempo depois de passar tantos anos morando no aeroporto. Sabe-se que ele chegou de ônibus no aeroporto em uma manhã e que acabou ficando por lá, circulando pelos saguões de Cumbica. Ele tinha por volta de 17 anos quando chegou no aeroporto e acabou adotando o local como sua casa.
Da mesma forma que Navorski no filme, Denus fez amizade com os funcionários do aeroporto, que o ajudam desde o início dos anos 2000. Os funcionários o descrevem como uma pessoa honesta, comunicativa e que brinca e conversa com todos. Por conta do amor pelo Corinthians, Denis recebeu o apelido de “Corintiano”. Ao mesmo tempo que recebe comida, roupas e outros itens, Denis, ou o Corintiano, ajuda os funcionários. Quando alguém precisa comprar remédios, pagar uma conta ou jogar na loteria, e não consegue sair do local de trabalho, pedem a ajuda do Denis. E ele sempre ajuda. E traz o troco direitinho.
Morando no aeroporto
Por causa da amizade que fez com os funcionários do Aeroporto de Guarulhos, Denis tem o que comer, bem como onde guardar suas coisas e tomar banho. Ele conta que os funcionários de uma companhia aérea o deixam guardar as coisas nos carrinhos. Os banhos são custeados pelos funcionários do aeroporto, mas são raros. Denis toma banho em um hotel dentro do próprio aeroporto de Guarulhos, o problema é que até meados de 2017, eles custavam 47 reais.
Ele contou aos jornalistas que, no Natal, tem sempre um comandante que paga uma diária para ele no hotel. Ali, ele tem refeição mais fina, além de poder dormir em uma cama confortável. Normalmente, Denis dorme nos assentos do Terminal 2, com um cobertor e um travesseiro desbotado. Normalmente, come arroz com feijão e toma café no McDonald’s, quando tem dinheiro. Ao El País, Denis disse que ninguém mexe com ele no aeroporto. Como não incomoda os passageiros, nem pede dinheiro, acaba ficando por ali.
Passado misterioso e amor pelo Corinthians
Pouco se sabe do passado de Denis. Pelo pouco que conta, o Corintiano brigava muito com a madrasta em Itaquaquecetuba e costumava sair de casa, ou para o Aeroporto de Guarulhos ou para a região da Armênia, na Zona Norte de São Paulo. Denis solta frases curtas, muitas vezes incompletas. De acordo com o El País, ele não vai a um médico desde criança. E, pelo menos até 2015, o Serviço Social da Prefeitura de Guarulhos nunca tinha ido ao aeroporto ver a situação do rapaz.
Denis vive em seu mundo, no aeroporto. Tirando os jogos do Corinthians, sabe pouco sobre o que acontece do lado de fora. De acordo com o El País, ele não sabe ler nem escrever. Não sabe para onde vão os aviões e só consegue ler as horas em relógios digitais. Com o dinheiro que ganha em seus bicos, ele compra um jornal esportivo, que leva para todos os lados. Sempre pede para alguém ler para ele as notícias do Corinthians e acompanha os jogos pelo radinho que carrega sempre com ele. O amor pelo Timão é tão grande que, em meados de 2017, a TV Record levou o rapaz ao centro de treinamento.
As últimas notícias que vimos sobre o Gabriel são de 2017. Estamos apurando se ele ainda vive no aeroporto e, quando tivermos novidades, vamos atualizar o texto.
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