O texto “Colisão com pássaro é comum” foi publicado originalmente em 22 de janeiro de 2009, por Lito Sousa. Edição e complemento por Lucas Conrado.

Uma ocorrência mais comum do que as pessoas imaginam é o chamado birdstrike. Birdstrike é quando os aviões se chocam contra pássaros (e até morcegos) durante o voo. Por conta da altura onde os pássaros voam, é mais comum que birdstrikes aconteçam na decolagem e pouso. Apesar de, eventualmente, a colisão causar a perda de um motor, pilotos e aviões são preparados para esse tipo de ocorrência. Não precisa ter medo.
Por falar em não precisar ter medo, se liga nisso aqui:
Você tem medo de voar? Conhece alguém que tem? Então, nos dias 31 de maio, 1º e 2 e junho, nós vamos fazer o Intensivão Sem Medo de Voar! Em cada aulão, vamos abordar um tema que assusta muita gente quando vai viajar de avião. Por exemplo, no dia 31, o aulão vai ser sobre pousos e decolagens. Em seguida, no dia 1º de junho, a gente vai falar sobre os ruídos dos aviões. Então, no dia 2 de junho, a gente vai abordar a tão temida turbulência!
Clique aqui e se inscreva no intensivão! Te garanto que você vai terminar as aulas sem medo de voar!
13 mil choques por ano nos EUA, 0 vítimas fatais desde 1995
Como eu ia dizendo, a colisão entre aviões e pássaros é algo muito mais comum do que as pessoas imaginam. Para se ter uma ideia, de acordo com um estudo da Administração Federal de Aviação (FAA), dos Estados Unidos, há uma média de 13 mil birdstrikes todos os anos. 13 mil colisões só nos Estados Unidos. Quantas delas causam acidentes fatais? Na pesquisa que fiz aqui, o último acidente fatal causado por birdstrike naquele país, foi em um avião da Força Aérea lá em 1995. 27 anos atrás.

Mais alguns dados para vocês ficarem tranquilos. Cerca de 65% dos birdstrikes causam nenhum ou pequenos danos à aeronave. E, mesmo quando o dano é grande maior, é muito, mas muito raro que provoque um acidente, ainda mais um acidente fatal. Os estudos indicam que ocorre 1 acidente fatal por colisão com pássaros a cada 1 bilhão de horas de voo. 1 bilhão de horas é o equivalente a 114 mil anos.
O que é feito para evitar birdstrikes?
Por que a voar é tão seguro, inclusive quando um avião se choca contra um pássaro? Porque a aviação aprende com os erros do passado e a cada acidente ou incidente, novas medidas são tomadas para evitar que eles se repitam. Por exemplo, os motores dos aviões, parte mais suscetível ao impacto com aeronaves são programados para se desligar sozinhos, caso ocorra a ingestão de uma ave de 1,8 kg. E, como vocês sabem bem, tem certificação para voar em segurança com apenas um motor funcionando, por até 6 horas, dependendo do modelo. A empenagem também resiste a impactos com aves de até 3,6 kg. Já o para-brisa, consegue suportar o impacto de uma ave de até 1,8 kg, sem se partir.
Os aeroportos também têm suas técnicas para afastar as aves. Sim, de acordo com a Organização Internacional da Aviação Civil (ICAO), 90% das colisões com aves acontecem em aeroportos e seus arredores. Como eles se protegem? Fazem trabalhos com biólogos que identificam e afastam possíveis atrativos para aves. Além disso, muitos aeroportos contam com o serviço de falcoaria, na qual um falcão treinado afasta outras aves da área. Até a grama que está no terreno dos aeroportos costuma ser de espécie que as aves não gostam de comer.
Isso sem contar com campanhas de conscientização da comunidade aeroportuária. De tempos em tempos, administradoras fazem curso para os colaboradores, ensinando a importância de relatar o avistamento de animais, bem como evitar alimentá-los na área dos aeroportos. Sim, já teve caso de funcionário alimentando cachorro e gato em pátio de aeroporto. E, sim, a já houve colisão de aviões contra animais durante decolagens e pousos.
Treinamento de pilotos
Se você viu o vídeo ali em cima, você viu a importância do treinamento dos pilotos e da coordenação de ações quando acontece um birdstrike. Eles treinam exaustivamente e estudam sempre os manuais para saber como proceder. Isso sem contar com aquilo que sempre comento, o CRM, Crew Resource Management.
Quando acontece o birdstrike, com a perda de um motor, geralmente o comandante – por ser mais experiente – assume o controle da aeronave enquanto o copiloto cuida da comunicação e já olha no Quick Reference Handbook (QRH) os parâmetros de voo e pouso com apenas um dos motores. Num CRM bem feito, os tripulantes estão em constante comunicação e trabalhando juntos, checando cada passo até o avião voltar ao aeroporto o mais rápido possível. Foi o que aconteceu no vídeo do México, que postei ali em cima.
É por isso que a aviação é tão segura. E que você não precisa ter medo de voar. Tudo é ensaiado, praticado e repetido até a perfeição. Engenheiros, fabricantes, aeroportos bem como tripulações se aliam para tornar a aviação cada vez mais segura. É por isso que, apesar dos 13 mil choques com aves que ocorrem nos Estados Unidos todo ano, é extremamente raro um acidente fatal causado por colisão com aves.
Enfim, quer saber mais novidades do mundo da aviação? Então nos siga no Twitter, Instagram, Facebook e TikTok.


