
Há exatos 100 anos, os aviadores portugueses Sacadura Cabral e Gago Coutinho chegavam ao Rio de Janeiro. Assim terminava a primeira travessia do Atlântico Sul, uma viagem que durou 62 horas e 26 minutos.
Desde 1919, o governo português planejava um voo entre Portugal e Brasil. No fim das contas, a viagem acabou acontecendo em 1922. A data marcava os 100 anos da independência do Brasil. O avião que iria fazer a travessia era um biplano Fairley F III-D, adaptado para pousar na água. Ele teria autonomia de voo de 13 horas, o que seria suficiente para fazer as escalas no caminho. E quem iria tripular a aeronave? Os oficiais da Marinha Portuguesa Sacadura Cabral e Gago Coutinho.
Sacadura Cabral era piloto da Marinha Portuguesa e, na época da viagem, tinha 40 anos de idade. Gago Coutinho era um geógrafo respeitado, de 53 anos de idade. Antes de fazerem a travessia, os dois oficiais já haviam voado juntos enquanto demarcavam as fronteiras de Angola e Moçambique.
Pinga-pinga no oceano
Hoje, a viagem entre Brasil e Portugal é rotineira, com TAP, Azul e LATAM fazendo diversos voos todos os dias. No entanto, há 100 anos, era uma verdadeira epopeia. Depois de decolar de Lisboa, o avião ia fazer escalas para reabastecer em Las Palmas, São Vicente, Cabo Verde, São Pedro e São Paulo, Fernando de Noronha, Recife, Salvador, Vitória e finalmente chegaria no Rio de Janeiro. O motor do avião era tão barulhento que os aviadores se comunicavam por bilhetinhos. Porém, apesar das dificudades, o voo ia dando certo.
Entretanto, a viagem também teve seus problemas. Por exemplo, quando o avião pousou em São Pedro e São Paulo, acabou perdendo um dos flutuadores, que causou o seu naufrágio. Apesar do susto, um navio português resgatou os aviadores e os levou até Fernando de Noronha. Ali, esperaram o governo português enviar outro F III-D. Enquanto o primeiro avião foi batizado de Lusitânia, o segundo recebeu o nome de Vera Cruz.
No entanto, os aviadores queriam completar a travessia inteira. Então pegaram o avião reserva e voltaram a São Pedro e São Paulo, de onde partiriam para Fernando de Noronha. Porém, o avião apresentou uma pane no motor e eles precisaram pousar no mar em emergência. E o resgate demorou tanto a chegar que o avião acabou afundando. Mais uma vez, Sacadura Cabral e Gago Coutinho foram resgatados e levados a Fernando de Noronha, onde esperaram outro avião vir de Portugal.
Agora vai?
Já com o novo avião, Sacadura Cabral e Gago Coutinho voaram direto de Fernando de Noronha para o Recife no dia 5 de junho. Então, os pilotos realizaram os últimos trechos da viagem sem maiores incidentes. Passaram por Salvador, Porto Seguro, Vitória e finalmente chegaram ao Rio de Janeiro, em 17 de junho de 1922.
Na então capital federal, Gago Coutinho e Sacadura Cabral foram recebidos como heróis nacionais. Aliás, até hoje, eles são relembrados, dando nome de ruas no Rio de Janeiro. Além disso, há estátua dos aviadores no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, e um monumento representando o Lusitânia, às margens do Rio Tejo, em Lisboa.

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