Há dois anos postei sobre o estado de conservação dos Boeing 767 da TransBrasil que estavam abandonados em Brasília. As fotos na época eram da jornalista Solange Galante, que não autorizou a re-publicação, por isso deixei um link naquele post para o blog dela (quem visitar tem dar scroll na página, pois não possui link permanente).
O tempo passou e o PT-TAC foi arrematado em leilão, o único a ser oferecido inteiro, para que pudesse quem sabe, ser preservado pelo novo dono (como escreveu a Aero Magazine neste post). Bem, o novo dono o arrematou para virar um restaurante, e o fim do PT-TAC acabou sendo mesmo a serra elétrica e o machado.
Na fase de desmontagem, descobriu-se (?) que haviam componentes radioativos no interior dos tanques de combustível, como mostra esta reportagem do programa Bom Dia DF daquele canal de televisão que não fala o nome do Facebook nem do Twitter.
O material radioativo é o Americio 241, que é usado nos densitômetros dos tanques.
Densitô o que?
Densitômetro é um “aparelho” que mede a densidade de um fluído (no caso, a densidade do combustível). Como já escrevi antes no post sobre quantidade de combustível, os aviões comerciais precisam saber o peso do combustível que está a bordo, e não o volume, já que este varia em relação à densidade, que por sua vez varia com a temperatura.
Como a densidade varia, o processador que faz o cálculo de quantidade precisa saber dessa informação, e é aí que entra o Amerício241.
De acordo com o manual do 767, o densitômetro é formado por dois tubos preenchidos com gás xenon e um emissor de raios gamma (o amerício). Quando uma voltagem é aplicada ao tubos, a interação do gás xenon com a radiação do emissor em contato com o combustível produz uma variação na tensão dos anodos. Esta variação de tensão (ou pulsos) é enviada ao processador. A densidade do combustível é proporcional ao valor logarítmico natural da razão de amplitude dos pulsos (vixe!).
Resumindo: dentro do tanque não se mede densidade com aquelas bolinhas de posto de gasolina..pronto.
Abaixo o estado em que se encontra o PT-TAC.
Todas as fotos são de autoria de Alexandre Barros