Esta é a continuação da parte 1
Conforme prometido, vamos falar do mais famoso JUNKERS JU52/3m em operação, um exemplar que está em operação pela Lufthansa. Isso mesmo, a Lufthansa possui um Junkers Ju 52/3m ainda em operação, o número de série dele é 5489, foi construído em 1936 e batizado de Fritz Simon e suas marcas de nacionalidade eram D-AQUI, tendo sido entregue em 6 de Abril de 1936. Logo depois foi vendido para DNL – Det Norske Luftfartsselskap da Noruega recebendo o prefixo LN-DAH e batizado de Falken em 1 de Junho de 1936. Durante a Guerra, o Exército Alemão confiscou o avião em 9 de Abril de 1940 e o retornou a Alemanha como D-AQUI, quando foi batizado desta vez como Kurt Wintgens em 23 de Setembro e 1940.
Ao final do teatro de guerra, os aliados devolveram o avião para a Força Aérea Norueguesa em 28 de Maio de 1945 e lá os antigos proprietários o registraram para DNL de novo como LN-KAF, batizado de Askeladden e operou em rotas na costa norueguesa de 1948 até 1956. Vale dizer que este avião como frota da DNL passou a ser um dos primeiros aviões da histórica da SAS.
Ficou parado em Oslo até 1957, quando foi vendido para empresa equatoriana “TRANSPORTES AÉREOS ORIENTALES DEL ECUADOR”, recebendo o batismo de Amazonas e prefixo de HC-ABS. Antes de ser levado para o Equador foi convertido para ter trens de pouso, pois ele tinha flutuadores desde a sua construção. Para ir cumprir a sua missão pela TAO, foi enviado de navio em conteiners de madeira até ser entregue no aeroporto de Salinas e foi montado durante o verão de 1957 por um antigo piloto da Lufthansa.

Na TAO serviu os céus do pais sul-americano de 1957 até 1963, quando parou em Quito e ficou armazenado até 1969. Neste ano, um ex-piloto da Força Aérea Americana, Lester F.Weaver, adquiriu o avião por modestos 5.000 dólares e partiu para os EUA, classificando-o como “EXPERIMENTAL” e registrado com o prefixo N130LW. Trocaria novamente de mãos em 1974 quando a Cannon Aircraft pagou 36.000 dólares pelo avião e o reparou. No final do ano, o escritor americano Martin Caidin comprou o avião por 52.500 dólares (irônico um JU52 por 52 mil) e o batizou de Iron Annie. Trocou o prefixo de N130LW para N52JU, e o usou em shows aéreos.
O JU52 ficava baseado no aeroporto de Gainesville, Florida, até que em Dezembro de 1984, como um presente de Natal, a LUFTHANSA adquiriu o avião e o levou voando para Hamburgo, saindo dos EUA para Groelândia, Islândia, Escócia e Inglaterra em um traslado de 8000km.

Na Lufthansa, ficou parado para retornar às operações somente após uma grandiosa reforma, o prefixo oficial do avião era D-CDLH, porém em acordo com autoridades, foi incluso na pintura do avião o prefixo decorativo D-AQUI pintado nas asas e na fuselagem, e batizado como Tempelhof (inclusive, quando do fechamento deste aeroporto, foi o último avião a decolar de lá).
Em 1986, no seu 50° aniversário, o D-AQUI voltou a voar “comercialmente” na Alemanha sob as cores de sua primeira operadora, a Lufthansa. Ele faz vôos panorâmicos, uma excelente opção de lazer (que posso dizer é um grande sonho a ser realizado) que pode ser verificada no site http://www.lufthansa-ju52.de/en/

O D-AQUI leva 16 passageiros com 4 tripulantes, seus motores são 3 Pratt & Whitney PW1340, decola geralmente com 65 kts e voa a 103 nós em média, alcançando 513 milhas de autonomia em tempo de 4 horas e 20 minutos. Decola com 500 metros e pousa até em 350 metros. Sem dúvidas uma ótima e histórica experiência para quem for a Europa, pois voará em um avião que tem seu nome gravado em qualquer “calçada da fama” da aviação comercial e que operou aqui no Brasil sob cores de 3 flag-carriers e não menos importante, criou a ponte aérea São Paulo-Rio.
